quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Justificativa de um erro absurdo

diHITT - Notícias





Justificativa de um erro absurdo Reunido de vários informes e artigos , este "post" tenta explicar o absurdo gasto no Programa Nuclear Brasileiro,espero que o leitor análise bem o conteúdo e perceba a real dimensão do fato.



  Energia Nuclear no Brasil





 Apesar de o desenvolvimento da física nuclear no Brasil ter principiado em 1938, no Departamento de Física da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (o departamento iniciou seus estudos sobre fissão nuclear quase na mesma época em que pesquisas semelhantes ocorriam no exterior), o empenho pelas aplicações desse tipo de energia só apareceu depois do fim da II Guerra Mundial. Materializou-se a partir dos anos 50, quando o almirante Álvaro Alberto, envolvendo a comunidade científica, alertou o governo da sua importância para a segurança do país.

 A presença de radiação nuclear não é perceptível aos sentidos humanos e seus efeitos incluem aumento na incidência de câncer e defeitos genéticos, que se manifestam muito tempo depois. Inevitavelmente, o preço da energia nuclear traduz-se também no aumento de casos de doenças mentais, redução da expectativa de vida, leucemia e mortes na população que pretende usufruir de seus aparentes benefícios. O homem desenvolveu a tecnologia nuclear, mas ainda não consegue impedir as consequências nocivas ao meio ambiente.

 Dois foram os principais debates que surgiram na ocasião em relação à energia nuclear. Em primeiro lugar, discutiu-se a exportação indiscriminada, pelo Brasil, de suas reservas de minérios de importância nuclear, como o urânio e tório.

A segunda questão polêmica foi a fracassada tentativa de compra, pelo Brasil, de ultra centrífugas de origem alemã, equipamentos destinados ao enriquecimento de urânio. Impedido de adquiri-las, porque às nações detentoras da tecnologia de produção do urânio enriquecido não interessava repassá-la a países em vias de desenvolvimento, o Brasil, país rico em minérios atômicos, decidiu lançar-se numa linha autônoma de pesquisas, que permitisse o uso do urânio natural. Para isso foi criado em 1951 o Conselho Nacional de Pesquisas (CNPq), atualmente rebatizado de Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico e, em 1956, a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). Enquanto ao CNPq caberia financiar pesquisas e a formação de pesquisadores, à CNEN foi dada a tarefa de desenvolver a utilização da energia nuclear em todas as formas de aplicação pacífica, com crescente autonomia tecnológica; garantir a segurança das usinas nucleares, das instalações do ciclo de combustível e das demais instalações nucleares e radioativas.


 Foram vinculados à CNEN os seguintes institutos de pesquisa e desenvolvimento nuclear: Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), em São Paulo ; o Centro de Desenvolvimento de Tecnologia Nuclear (CDTN), em Belo Horizonte ; o Instituto de Radioproteção e Dosimetria (IRD) e o Instituto de Energia Nuclear (IEN), os dois últimos no Rio de Janeiro. Fonte energética pouco expressiva no país, tendo em vista que o potencial hidrelétrico brasileiro ainda não foi totalmente aproveitado.

 O Brasil busca, porém, dominar a tecnologia da geração de energia nuclear, considerando a sua importância para a segurança nacional e para o futuro do país, como fonte útil para o meio de transporte no espaço e nos mares, como é o caso do submarino nuclear em construção pela Marinha brasileira. No final dos anos 60, a situação brasileira em relação à tecnologia nuclear continuava, contudo, a ser de dependência em relação ao exterior.


 A linha de pesquisas de aproveitamento do urânio natural pouco havia avançado. Em 1969, o governo brasileiro decidiu construir uma usina nuclear na praia de Itaorna, no município fluminense de Angra dos Reis. Adquiriu um reator de urânio enriquecido nos Estados Unidos. Esta decisão foi muito criticada pelos físicos brasileiros, principalmente porque a compra se deu em regime de turn-key, o que significava um pacote fechado de equipamentos, que não permitia o acesso à tecnologia. A construção da usina, mais tarde batizada de Angra I, começou em outubro de 1972 sob suspeitas de instabilidade geológica e sísmica do local escolhido.

 O nome da praia, Itaorna, em língua tupi significa "pedra podre". Simulações de acidentes revelaram a fragilidade do projeto e a impossibilidade de evacuação dos moradores da região no caso de uma emergência. Prevista para entrar em operação comercial em 1979, sofreu grande atraso, só sendo inaugurada em 1983. Ainda na década de 70, o governo do presidente Ernesto Geisel assinou um amplo acordo de transferência de tecnologia nuclear com a então República Federal da Alemanha. Assinado em 1974, incluía, além da aquisição de usinas nucleares, a possibilidade de transferência das diversas tecnologias do ciclo do combustível nuclear, tais como o enriquecimento e o reprocessamento de urânio. Assim, das oito usinas previstas, o governo federal decidiu erguer mais duas usinas em Angra dos Reis. Batizou o complexo de Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto.


 As duas outras unidades Angra II e Angra III previstas no projeto somam uma capacidade total de 2.600 MW. Com reatores também de água leve pressurizada, foram adquiridas em indústrias alemãs. Apenas Angra 2 foi concluída. Sua construção foi marcada por problemas técnicos e constantes atrasos no cronograma. Começou a operar somente em 2000, após quase vinte anos de construção, a um custo de cerca de US$ 10 bilhões.


 Na realidade, o processo de enriquecimento a ser transferido, batizado de jato centrífugo, encontrava-se ainda em estudos nos laboratórios alemães, portanto sua aplicação era muito duvidosa. Pelo acordo, seriam instalados mais oito reatores no país: dois em Angra dos Reis, ao lado de Angra 1, e outros seis no litoral sul do Estado de São Paulo. Reagindo rapidamente, a população paulista impediu a construção de "suas" usinas através da criação de uma estação ecológica exatamente no local onde seria implantada a central nuclear.


 Ao longo dos anos 80, o ambicioso programa de cooperação nuclear com a Alemanha desenhado na década anterior foi sendo gradativamente reduzido. Nesse período, o Brasil conseguiu dominar a tecnologia de algumas etapas da fabricação do combustível nuclear que periodicamente abastece a usina de Angra I. Em setembro de 1987, porém, o governo do presidente José Sarney anunciou o domínio da tecnologia de enriquecimento de urânio por ultracentrifugação, admitindo que pesquisas alternativas e autônomas vinham ocorrendo em segredo, no IPEN, em São Paulo.


De fato, um dos mais avançados resultados no campo da energia nuclear vem sendo obtido pela Marinha, que objetiva a construção de um submarino de propulsão nuclear, assim como uma tecnologia brasileira de construção de reatores nucleares. Vemos com isso que não é só as usinas termonucleares que causam preocupação com os possíveis acidentes, mas o lixo radioativo gerado por todas as atividades que envolvem elementos radioativos.


 A meia-vida de alguns componentes do lixo atômico chega a 600.000 anos. Com sua segunda usina nuclear em operação, o Brasil não sabe ainda o que fazer com os seus rejeitos atômicos. Há mais de uma década, o assunto é tratado como lixo que se joga debaixo do tapete. Neste caso, porém, o tapete está ficando curto. Só com Angra 1, o país acumula 2,1 mil toneladas de lixo radioativo de média e baixa atividade, que já lotaram um depósito provisório e começam a encher um outro galpão. Os riscos na Usina Nuclear de Angra são excessivos.



 Eventos significantes ocorreram no reator Angra I em período recente. Entre janeiro e março de 1999, ocorreram seis desarmes não planejados da usina - um número elevado, segundo os indicadores de desempenho propostos pela própria empresa.



Dos seis eventos, dois foram resultantes de perda de energia elétrica do sistema, que se relaciona à deterioração do sistema elétrico nacional, devido à falta de investimentos, o que interferiu com os problemas de segurança do reator. Ademais, há um problema crônico não resolvido: a corrosão nas tubulações do gerador de vapor de Angra I, havendo a possibilidade de se ter de trocá-los. Ao fim de 1999, estavam comprometidos pela corrosão e fechados 9,6% dos tubos em um gerador de vapor e 5,3% no outro.



 Há possibilidade de fazer reparos nos tubos, mas nem sempre bem sucedidos. A troca do gerador de vapor é um problema de grande monta, pois é uma peça maior que o próprio vaso reator na dimensão vertical. Sua troca obriga a um rompimento do prédio de contenção do reator que é estanque.

Outros problemas do gerador de vapor são conhecidos desde a época de Angra I entrar em operação: a entrada da água do circuito secundário no gerador de vapor fazia trepidar esses tubos causando fissuras. Esse problema específico foi resolvido mas permaneceu o problema da corrosão acelerada. A responsabilidade de ambos foi da Westinghouse.



 Outro ponto a ser melhor esclarecido é sobre o combustível nuclear em uso em Angra I. Foi necessária a substituição integral do combustível há poucos anos. Normalmente, a substituição é apenas de um terço por ano, mas esta foi devida a um outro problema crônico.


 Um vazamento de material radioativo no combustível contaminou o circuito primário, levando Furnas, então proprietária de Angra I, a interromper o seu funcionamento. A causa foi a inadequação dos elementos combustíveis projetados pela Siemens para o combustível do reator Westinghouse. Cogita-se, agora, de voltar, com algumas modificações, ao combustível Siemens, que poderá dar problemas novamente. Questões tecnológicas importantes, como essa, permanecem abertas. Até o direito básico da população de Angra à segurança está mal explicado. Para os críticos, o Plano de Evacuação da cidade em caso de acidente é uma ficção.

Tem tudo para dar errado. De qualquer forma, adotar tal sistema de geração de energia é assumir uma séria responsabilidade perante as gerações futuras. Segundo números oficiais, já foram gastos com Angra 3 US$ 750 milhões entre a compra e a estocagem dos equipamentos.

O projeto de Angra 3 foi paralisado em 1992 por motivos econômicos pois para entrar em operação, necessitaria de mais US$ 1,5 bilhão. Em setembro de 2002, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) autorizou a Eletronuclear, empresa estatal que pleiteia a construção de Angra 3, a iniciar o licenciamento ambiental, o debate sobre a armazenagem dos rejeitos radioativos e o equacionamento econômico-financeiro da proposta.


 A decisão final sobre Angra 3 será tomada ainda este ano, na próxima reunião do CNPE. Os ambientalistas têm trabalhado para demonstrar que é possível atender às necessidades crescentes da população e estender a eletrificação aos mais distantes locais deste país através de fontes de energia renováveis.

 É possível criar uma nova matriz energética para o país, contemplando a redução de desperdícios e privilegiando a geração de energia a partir de fontes limpas, renováveis, economicamente viáveis e socialmente justas. Boa parte dos brasileiros ainda não recebe eletricidade em suas casas.


Cerca de 40% das escolas em zonas rurais não possui luz elétrica. Imensas áreas no Norte e no Centro-Oeste do país não são atendidas pela rede de distribuição de energia.

O Brasil precisa rever a sua maneira de gerar energia e o CNPE poderá desempenhar um papel importante nessa mudança, optando por abandonar de vez velhas propostas e por viabilizar formas de energia modernas, seguras e limpas. Hoje, no mundo inteiro, inclusive na Alemanha, reatores nucleares têm sido gradativamente desativados e não há praticamente nenhuma nova usina sendo planejada ou construída, já que são consideradas caras e perigosas.



Nenhum comentário:

Postar um comentário